Um estudo recente revelou que tomografias computadorizadas (TC) abdominais de rotina podem fornecer informações valiosas sobre o risco cardiovascular dos pacientes. Esses exames, frequentemente realizados para investigar outras condições, capturam imagens detalhadas da aorta e depósitos de cálcio nas artérias. Médicos estão descobrindo que esses dados subutilizados podem prever eventos como infartos e AVCs. Essa abordagem representa uma oportunidade única de prevenção sem custos adicionais.
A quantificação de cálcio arterial nas imagens de TC abdominal já é reconhecida como um marcador importante de aterosclerose. O que muda agora é a possibilidade de aproveitar exames já existentes para essa análise, sem necessidade de novos procedimentos. Radiologistas podem identificar pacientes assintomáticos com alto risco cardíaco somente reavaliando imagens de estudos anteriores. Essa estratégia transforma exames de rotina em ferramentas poderosas de medicina preventiva.
Pacientes submetidos a Tomografia Computadorizada abdominal por motivos como dor ou investigação de câncer podem se beneficiar dessa análise secundária. A detecção precoce de placas calcificadas permite intervenções como mudanças no estilo de vida e medicamentos preventivos. Estima-se que até 30% dos adultos assintomáticos apresentem achados relevantes nessas imagens. Essa informação adicional pode salvar vidas ao alertar sobre riscos desconhecidos.
A implementação dessa prática requer padronização de laudos e treinamento de radiologistas para identificar sinais cardiovasculares. Alguns hospitais já estão desenvolvendo protocolos para incluir automaticamente essa avaliação nos relatórios de Tomografia Computadorizada abdominal. A integração com prontuários eletrônicos permite que clínicos gerais acessem essas informações facilmente. Essa abordagem multidisciplinar maximiza o valor diagnóstico de cada exame realizado.
No contexto do sistema de saúde brasileiro, onde recursos são limitados, aproveitar ao máximo cada exame é crucial. A análise cardiovascular em TCs abdominais existentes pode identificar milhares de pessoas em risco sem custos extras. Essa estratégia é particularmente valiosa para pacientes entre 50?70 anos, faixa etária com maior incidência de doenças cardiovasculares. A adoção dessa prática poderia reduzir significativamente a carga do SUS com tratamentos de emergência.
O futuro da radiologia preventiva está na extração de informações adicionais a partir de exames de rotina. Com avanços em inteligência artificial, breve poderemos automatizar a triagem de risco cardiovascular em todas as TCs abdominais. Enquanto isso, a conscientização sobre esse potencial entre médicos e pacientes é o primeiro passo. Transformar exames convencionais em ferramentas de detecção precoce representa um avanço significativo na medicina personalizada.
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